Martin Heidegger, o filósofo da floresta negra, escreveu em sua obra A caminho da linguagem o seguinte pensamento: "O homem fala. Falamos quando acordados e em sonho. Falamos continuamente. Falamos mesmo quando não deixamos soar nenhuma palavra. Falamos quando ouvimos e lemos. Falamos igualmente quando não ouvimos e não lemos e, ao invés, realizamos um trabalho ou ficamos à toa. Falamos sempre de um jeito ou de outro."

A partir do século XX, um numero cada vez maior de filósofos passaram a deter sua atenção no fenômeno da linguagem, bem como nas relações, positivas ou negativas, decorrentes da mesma. Falamos sempre, de um jeito ou de outro, construindo ou destruindo, aproximando ou afastando. Esse é o intuito da Filosofia da Linguagem, que é tema deste Simpósio.

A complexidade da Filosofia da Linguagem permite pensar o tema a partir de diferentes perspectivas:

Michel Foucault, pensador francês, em sua obra A ordem do discurso, evidencia a sutil relação existente entre poder, saber e discurso. Os discursos e sua institucionalização são veiculados sempre com uma finalidade específica, a partir de uma intensa rede de poderes e saberes, com a finalidade de adestrar e criar docilidade em seus interlocutores. O Filósofo chama a atenção para a forma como os discursos são produzidos, selecionados e distribuídos.
Jurgen Habermas, um dos filósofos mais lidos da atualidade, considera que a linguagem é o único elemento capaz de garantir o entendimento entre os povos e, assim, superar os conflitos que marcam as sociedades contemporâneas. A abordagem proposta por ele sugere uma leitura da linguagem enquanto instrumental político, sendo capaz de conciliar ou dominar; construir ou destruir relações.

Emmanuel Levinas, em sua proposta caracterizada pela alteridade, o encontro e o reconhecimento do Outro, diz que “a razão vive na linguagem”. Deste modo, ele sugere uma ação discursiva pautada no encontro com aquele que é diferente de nós. Em suas considerações, só uma atitude de abertura e diálogo franco e racional podem aproximar e promover esse encontro.

O que esses filósofos tem em comum é a tendência de evidenciar a nova moldura a partir da qual se estabelecem as relações e a própria filosofia na sociedade pós-moderna. Com a crise da ontologia, manifestada de forma expressiva na conhecida metáfora da “morte de Deus”, a linguagem se torna o campo de atuação filosófica, locus privilegiado para que o homem reencontre o sentido da própria existência, conforme diria Sartre.

Esperamos que estes dois dias de Simpósio nos ajude a refletir a respeito do fenômeno da linguagem enquanto possibilidade de superação e afirmação. Que não fiquemos calados, mas que possamos debater, dialogar e construir.

Obrigado e bom simpósio a todos!