Desta forma o foco principal das discussões foi a Fenomenologia em Edith Stein, que ao ser aprendiz de Husserl e posteriormente sua assistente incorporou em sua vida acadêmica e profissional o conceito da Fenomenologia e suas implicações na vida cotidiana. O trabalho foi orientado pela Conferencista Ir. Jacinta Turolo Garcia, uma das maiores autoridades em Edith Stein do mundo.

A Conferencista explanou de forma cativante e dinâmica o período historio que foi tecendo a conjuntura e a personalidade forte de Edith, que uma criança sensível, encantadora, viva, precocemente amadurecida, dotada de uma personalidade forte e reta firmeza de caráter. Edith além de possuir tamanha firmeza de caráter, desde a mais tenra idade, demonstrava uma sede ardente pelo saber, que a impulsionou desde sempre a buscar a VERDADE com todas suas energias.

Já na sua infância e juventude manifesta sua personalidade forte e marcante e uma capacidade intelectual extraordinária. Aos 14 anos abandona conscientemente os estudos e a religião devido às grandes indagações e dúvidas que a perturbavam.

Por este motivo foi enviada para Hamburgo onde passa a morar com sua irmã mais velha, sendo nesse momento que começa a identificar-se com um humanismo prático que funda-se na contextualização da existência humana.

De volta a Breslau inicia os seus estudos universitários em Psicologia, Filosofia e História Germanística. Stein orienta seus estudos com a finalidade de descobrir a verdade que explicasse o homem em sua essência, entretanto a visão reducionista e mecanicista da Psicologia muito presente na Europa daquele tempo (início do século XX), não a satisfaz.

É pela leitura das obras de Edmund Husserl, “Investigações Lógicas” que Edith Stein, totalmente entusiasmada, começa a dar os primeiros passos em busca da verdade que tanto procurava.

O período vivido em Göttingen redefine completamente a vida de Edith Stein. Ao participar do grupo de estudos, orientado por Husserl, Edith conhece pessoas que marcaram sua vida de forma indelével, tanto devido ao caráter quanto pelo zelo filosófico que possuíam.

Em sua tese de doutorado, Stein defende o assunto O problema da Empatia, intercalando Psicologia e a Fenomenologia de Husserl. Aborda a consciência através da intuição, o que lhe abre a possibilidade de discutir a temática da experiência da fé. Obtém nota máxima, summa cum laude, e é eleita pelo próprio Husserl como sua assistente pessoal, o que faz dela uma pioneira, já que esta função nunca tinha sido exercida por uma mulher na Alemanha.

A busca tenaz e apaixonada em compreender o homem, situa-o, em todas as suas obras, como ser livre. Na visão steiniana, razão, autoconhecimento e liberdade são partes integrantes e indissociáveis da pessoa. Para um melhor entendimento do mundo é necessário compreender-se a si mesmo, mediante a compreensão do modo como a própria consciência opera.

De fato, para Stein, compreender o homem como ser livre, requer ultrapassar a barreira da racionalidade, ou seja, é necessário buscar, também na fé, respostas para discutir as verdades inacessíveis à razão, propondo de forma competente a compreensão da fé e da razão como dimensões não excludentes, mas constitutivas da essência do homem.

A fenomenologia possibilitou a Edith o confronto com a questão da fé, pois Husserl acabava conduzindo seus educandos a conceber Deus como possibilidade de transcendência, fazendo um confronto de si mesmos com a espiritualidade, possibilitando o encontro com a dimensão do sagrado.

Stein mulher atenta ao transcurso da história nos impele a lutar por nossos desejos de alcançar a sabedoria, descobrir a Verdade. Enquanto universitários, pesquisadores, pessoas sequiosas da verdade, Edith se mostra um testemunho fidedigno que é possível conciliar razão e fé, sabedoria com humildade.

Stein ultrapassou os limites do claustro no Carmelo e da própria Igreja, foi pertencente à humanidade de maneira singular, pois revela ao homem pós-moderno que a luz que ilumina suas vidas está enraizada na luta e perseguição da verdade.

Dentro dessa perspectiva filosófica que se encontra uma das mais brilhantes pensadoras do século XX, mulher, filósofa, religiosa, santa, onde como afirmou João Paulo II e de maneira sagaz “manifestou-se a síntese dramática do século XX, acima de tudo a síntese de uma verdade plena acerca do homem”.

A cada novo olhar, no entanto, é possível descobrir-se nova riqueza escondida nessa personalidade marcante e ímpar, marcante porque ímpar. No seu caminho intelectual e mistagógico, percebemos que a disposição heróica de abraçar a cruz com os seus irmãos e por eles, foi objeto de sua busca incansável, possibilitou-lhe um aprofundamento por parte de muitos estudiosos da filósofa, em perfeita sintonia de pensamento e vida, mesmo deixando materialmente inacabada, a obra que, na prática demonstra ter aprendido e realizado plenamente: “A ciência da Cruz”.

Desta forma, merece aprofundamento e especial aprofundamento da vida e obras de Stein, que muito tem a nos ensinar de sua vida embalada pela sede da verdade em todos os seus contingentes.

Foi num clima de harmonia e presteza que o Simpósio aconteceu, unindo Filosofia e Teologia, no intuito de rememorar os ensinamentos de Stein na sociedade hodierna.

Agradecemos de forma carinhosa a Ir. Jacinta que nos presenteou com sua fala e nos alertou para a busca de verdade tendo por mestra Edith Stein.

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Daniele Orlovski